by
– O GHRP-6 é um péptido injetável pertencente à categoria dos péptidos libertadores da hormona do crescimento ou GHRPs. Estes péptidos são principalmente usados para aumentar a produção de GH. Outros péptidos pertencentes a esta categoria incluem o GHRP-2, a hexarelina e a ipamorelina. Em relação ao aumento da GH, todos funcionam de maneira semelhante e não há qualquer necessidade ou vantagem em combiná-los. Em vez disso, o melhor é escolher aquele que se adequa a cada caso específico.O GHRP-6 é principalmente utilizado para aumentar os níveis de GH, o que também resulta em níveis aumentados de IGF-1. Isto ajuda na perda de gordura e, em alguns casos, ajuda também no ganho muscular. Geralmente, o uso de GHRP é escolhido em alternativa ao uso de GH e apenas raramente é combinado com a GH.
Motivos para preferir o GHRP-6 a outros GHRps incluem os seus efeitos sobre o aumento do apetite (o que pode igualmente ser uma desvantagem) e o seu valor comprovado em reduzir a inflamação e ajudar a curar lesões, particularmente tendinites.
Quando utilizar o GHRP-6
O GHRP-6 é geralmente utilizado para os mesmos fins para que se usa a GH, mas pode ser a alternativa escolhida quando possui vantagens em termos de custo, quando a GH não está disponível ou porque o indivíduo prefere estimular a sua própria produção de GH em vez da injetar.
Estes fins podem incluir um aumento da perda de gordura, melhoria nos ganhos musculares quando usado em combinação com esteroides anabolizantes, melhoria estética da pele e melhoria da recuperação de lesões.
Não é necessário utilizar o GHRP de forma cíclica e, por isso, o GHRP-6 pode ser usado sempre que se achar que é útil para qualquer um dos fins acima referidos. No entanto, quando a utilização é contínua, em vez de se fazer apenas uma amplificação de curta duração do ciclo de esteroides ou do programa de perda de gordura, recomendo a toma de uma dose próxima do limite mínimo do intervalo sugerido.
Aumento do efeito causado pela combinação de GHRP-6 com uma GHRH
Embora o GHRP-6 seja capaz de induzir grandes aumentos na produção de GH quando utilizado isoladamente, será possível obter mais feitos com uma determinada dose quando é tomada uma GHRH (hormona de libertação da hormona do crescimento) ao mesmo tempo. Em alternativa, quando combinar uma GHRH com o GHRP-6, só precisará de metade ou de um terço da mesma quantidade de GHRP-6 para obter o mesmo nível de aumento na produção de GH.
Por este motivo, é comum escolher combinar-se uma GHRH com um GHRP, mas é possível obter resultados excelentes sem fazer isso. Um dos GHRH mais escolhidos é o Mod GRF 1-29 (também conhecido como CJC-1295 sem DAC).
Como utilizar o GHRP-6
O GHRP-6 é usualmente fornecido em pequenos frascos de 5 mg, que devem ser armazenados em meio refrigerado (é, porém, aceitável enviá-los à temperatura ambiente). O frasco deve ser diluído com uma quantidade conveniente de água estéril ou bacteriostática. Por exemplo, o frasco pode ser diluído com 2.5 mL de água, o que resulta numa solução de 2mg/mL (2000 mcg/mL). Depois da adição da água, o frasco deverá ser novamente guardado em meio refrigerado.
Quando fizer a administração, deve retirar do frasco uma quantidade adequada do conteúdo com uma seringa de insulina, tendo em conta a dose desejada e a concentração do preparado. No exemplo acima, uma dose de 100 mcg iria corresponder a apenas 0.05mL, ou “5 IU” conforme a marcação da seringa de insulina. Uma dose de 300 mcg iria corresponder a 0.15 mL, ou “15 IU” conforme a marcação da seringa de insulina.
As injeções podem ser subcutâneas, intramusculares ou intravenosas, consoante a preferência de cada um.
A administração deverá ser de pelo menos duas vezes por dia e preferencialmente 3x/dia para um melhor efeito, cerca de 30 a 60 minutos antes de uma refeição e numa altura em que os níveis de açúcar no sangue não estejam altos (por outras palavras, depois dos níveis de açúcar no sangue terem tido tempo de cair após a última refeição). A quantidade tomada vai geralmente dos 50 aos 300 mcg de cada vez. Quando utilizar uma GHRH juntamente com o GHRP-6, a dose deverá ser reduzida para 50-100 mcg de cada vez.
Para um aumento dos níveis de GH, a toma de doses superiores dentro do intervalo sugerido origina definitivamente um efeito superior. Em relação aos benefícios sobre a cicatrização, por exemplo da tendinite, o uso de doses no limite inferior do intervalo é perfeitamente suficiente e não são observados efeitos maiores com doses maiores.
Embora não exista um limite estabelecido que permita distinguir entre uma solução de GHRP-6 que ainda é boa e uma que já perdeu potência, como regra geral, cada frasco deve ser consumido dentro de um mês após a sua reconstituição. Após isto, eu recomendaria que se descartasse do frasco e recorresse a um novo.
Classe farmacológica: análogo da grelina
O GHRP-6 e todos os GHRPs são análogos da grelina, uma hormona produzida pelas células do estômago em resposta a uma situação de jejum, ainda que breve. A grelina e os análogos da grelina atuam ativando o receptor da grelina, também denominado recetor do secretagogo da hormona do crescimento (GHS-R1a). Os níveis elevados de grelina conduzem ao aumento dos níveis de GH por meio da estimulação dos recetores da grelina na pituitária.
A injeção do GHRP-6 ou de qualquer outro GHRP estimula a libertação de GH essencialmente da mesma maneira que a grelina que é libertada por consequência de um estado de jejum. O efeito poderá ser marcadamente superior, porém. É fácil atingir níveis supra-fisiológicos de GH com doses apropriadas de qualquer GHRP.
Outras atividades da grelina e, potencialmente, do GHRP-6
A grelina tem bastantes atividades no organismo para além da estimulação da libertação da GH. Estimula o apetite, é cardioprotetora, pode ajudar a proteger as células do stress oxidativo, pode reduzir a inflamação e promover a cicatrização, e pode ajudar na queima de gordura no tecido muscular. Tem também alguma influência no aumento da produção de cortisol através do aumento da ACTH, e no aumento da prolactina. Contudo, tal como a atividade da grelina é comparável àquela que ocorre normalmente durante o jejum, também os efeitos sobre o cortisol e a prolactina são semelhantes aos que ocorrem durante o jejum.
A grelina por si só, tanto quanto sei, não tem sido utilizado como medicamento potenciador da performance. Por oposição, existe bastante experiência com GHRPs. O GHRP-6 em particular tem sido eficaz em muitos casos no tratamento de tendinites, o que poderá muito bem ser consequência da sua ação sobre o recetor da grelina.
De uma maneira geral, há muito que se tem visto que o jejum pode em muitos casos originar efeitos saudáveis para além da simples perda de gordura. É especulativo dizer que são os níveis aumentados de grelina os grandes responsáveis por esse efeito (se é que o causam), mas está totalmente patente na literatura científica que tal elevação da grelina pode ter benefícios sobre a saúde. O uso de GHRP em ciclos e com doses adequados pode pelo menos fornecer parte desses benefícios, particularmente no que diz respeito aos efeitos cicatrizantes e anti-inflamatórios.
Existem referência na literatura à atuação da grelina na promoção do armazenamento de gordura, mas isto parece ser específico de determinados tecidos, como o fígado. No fisioculturismo, ainda não se observou este efeito com o GHRP-6. Pelo contrário, o GHRP-6 tem sido eficaz enquanto composto emagrecedor, desde que a ingestão de alimentos seja igualmente controlada.
Uma vez que alguns GHRPs são tão eficazes quanto outros no aumento da GH, mas diferem nos efeitos sobre o apetite ou sobre a estimulação da ACTH, parece provável que existam diferenças nos recetores da grelina entre os diferentes tecidos, ou diferenças no seu funcionamento (por exemplo, com co-factores). Esta é talvez a explicação mais provável para o facto da GHRP-6 ser eficaz na estimulação do apetite e na recuperação de tendinites, ao passo que a GHRP-2 estimula menos o apetite e tem menos potencial cicatrizante.
Fatores que reduzem a eficácia do GHRP-6
Para aumentar os níveis de GH, o GHRP-6 é menos eficaz na presença de altos níveis de açúcar no sangue ou altos níveis de somatostatina, os quais resultam de níveis altos de IGF-1. Por esta razão, para obter os melhores resultados com GHRP-6, o mesmo deverá ser tomado quando o açúcar no sangue estiver relativamente baixo, por exemplo, cerca de 30-60 minutos antes de uma refeição. O GHRP-6 terá também um efeito menor se se estiver a tomar GH por injeção, por a GH aumenta o IGF-1. Quando o uso de GH é limitado a não mais de 14 IU por semana, o uso simultâneo de GHRP-6 irá ainda assim aumentar um pouco a GH, mas se a GH estiver a usada a doses superiores, é provável que as injeções de GHRP-6 façam pouco ou nada para aumentar ainda mais os níveis de GH.
A existência de baixos níveis de hormonas tiroideias também diminui a eficácia do GHRP-6 e níveis moderadamente elevados das mesmas, tais como os obtidos com 50-200 mcg/dia de T4 ou 12.5-50 mcg/dia de T3, podem aumentar a eficácia (se se utilizar T3, a dosagem deve ser repartida em três doses diárias).
GHRP-6 e ginecomastia
Embora eu duvide que o uso de GHRP-6 origina ginecomastia, a elevação da prolactina derivada do uso de GHRP-6 poderá ser problemática para os indivíduos que já tenham ginecomastia, incluindo aquela que anda não foi detectada e se desenvolveu durante a puberdade. A ipamorelina poderá ser um melhor GHRP para este tipo de indivíduos.
Conclusão
O GHRP-6 pode originar aumentos substanciais na produção de GH. É tipicamente tomado 2 a 3 vezes por dia por injeção, em alturas em que os níveis de açúcar no sangue não estejam elevados. O custo é geralmente moderado. O único efeito secundário adverso comum é o aumento do apetite. Alternativas comuns incluem o GHRP-2, a hexarelina, a ipamorelina e a própria GH. O GHRP-6 também pode fornecer benefícios que a GH não fornece, por meio da sua ação nos vários recetores da grelina espalhados por diversos tecidos do corpo.